Ainda que prescreva soluções naturais em
casos particulares (ex.: a ameixa japonesa umeboshi – um estimulante
salivar com provas dadas), pessoalmente, tenho sempre algumas reservas
em falar deste tema. É frequente que, muitas pessoas, depois de
ouvir-me, comecem de imediato a comprar certos produtos, bebidas e
comidas, crendo ingenuamente que isso lhes irá solucionar o problema de
hálito.
Volto a referir que as halitoses devem ser
identificadas segundo a sua origem e que a eficácia do tratamento
depende da correspondência do agente terapêutico utilizado com a origem.
Como referi anteriormente, os efeitos benéficos de alguns alimentos com
odor agradável (salsa, etc.), ou certas cápsulas que algumas empresas
colocam à disposição do público, nem sempre têm efeito em todas as
personas e, quando têm, raramente duram mais de 1 hora. Isto não é cura,
nem tratamento.
É verdade que algumas comidas podem
melhorar transitoriamente o estado do hálito de algumas pessoas. Isto
sucede basicamente através de 2 mecanismos principais: devido ao
potencial efeito antimicrobiano ou através da captura/neutralização dos
compostos de mau odor.
Sobre o efeito antimicrobiano, já foi
demostrado, por exemplo, que alguns chás possuem antimicrobianos
naturais com alguma capacidade de anular bactérias orais (os mais
estudados foram o chá verde e o ginseng vermelho da Coreia).
Recordo um estudo israelita recente que também encontrou algumas
sustâncias inibidoras de bactérias no café (porém, devido a outras
sustâncias, o saldo global da ingestão de café geralmente é negativa em
relação ao hálito: pela desidratação e alteração do sabor que este
provoca, etc..
Existem outros alimentos que possuem certas
sustâncias (especialmente polifenóis, e certas enzimas como as
polifenoloxidases e as peroxidases) com alguma capacidade para
neutralizar compostos de enxofre. Os alimentos que possuem estas
sustâncias são alguns tipos de cogumelos, chá verde, algumas frutas (a
maçã, a ameixa, o kiwi, o caqui, o mirtilo), algumas ervas como a salsa e
o manjericão, e alguns vegetais como a alface, os espargos, o inhame e a
beringela. Existem muitos outros alimentos mencionados em fontes não
científicas, no entanto à grande maioria falta um adequado fundamento
científico. Porém, a dura realidade, é que o efeito destes alimentos
/remédios naturais é muito curto.
Por exemplo, o chá verde pode melhorar
transitoriamente o problema de halitose em alguns casos em que a origem é
intra-oral mas para muitas patologias causadoras de halitose
simplesmente não existe um remédio caseiro ou terapêutica natural
(sobretudo as extra-orais).
Há que ser prudente e não permitir que a
ansiedade domine a razão. O seguinte princípio deve prevalecer: se uma
pessoa não sabe qual é a causa, primeiramente deve obter o diagnóstico e
só depois planear o tratamento ou agentes terapêuticos a utilizar, e
não tratar irracionalmente às cegas fundamentando-se em testemunhos de
terceiros (que poderão ter tido uma causa de halitose distinta) ou em
promessas fantasiosas de produtos milagrosos. É preciso ter em
conta que a maioria das pessoas que padecem de mau hálito já gastou
muito tempo e dinheiro na procura de soluções e está cansada de
tentativas frustradas ou terapêuticas não eficazes. A boa notícia é que
felizmente a ciência já evoluiu e, nos dias de hoje, uma pessoa só anda
perdida neste processo se assim o desejar.
http://www.halito.pt/faq/remedios-caseiros-naturais-para-halitose.html
(Perguntas ao Dr Jonas Nunes)
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