Porém, a halitose com origem no estômago não é algo irreal (como alguma indústria de elixires tenta divulgar erradamente para vender os seus produtos). As halitoses com origem no estômago são possíveis e podem ser diagnosticadas na consulta. A proporção de casos é que não é tão elevada como a crença tradicional sugere ou se considerarmos que cerca de 30% da população possui algum tipo de problema gástrico. Demonstrou-se que algumas linhagens da bactéria estomacal Helicobacter pylori são capazes de produzir compostos sulfurados voláteis. Analogamente, diversas patologias do foro gástrico e digestivo predispõem a manifestação de halitose. Alguns exemplos que observámos no nosso departamento (e confirmado por outros centros sediados noutros países) são a gastrite, úlceras, hérnia de hiato, refluxo gastroesofágico, divertículo de Zenker, doença inflamatória intestinal, presença de corpo estranho na faringe e diversas neoplasias do tubo digestivo.
Aproveito para referir que a endoscopia digestiva não deve ser realizada como um exame de primeira escolha para o diagnóstico da halitose (é menos específica quando comparada com a cromatografia gasosa). As halitoses com origem digestiva não são muito frequentes. Ainda que uma pessoa com halitose possa ter algum tipo de problema digestivo, muito frequentemente a origem da halitose que acabamos por encontrar é outra (ex.: do foro da otorrinolaringologia – bastante mais frequentes). Tudo isto não quer dizer que, quando existe sintomatologia digestiva associada, a endoscopia digestiva possa ser útil na confirmação da existência de algumas das patologias anteriormente referidas.
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