É necessário explicar que a grande maioria
das pastilhas possuem dois efeitos (como muito): aumentam a salivação
(como consequência natural da mastigação) e podem ocultar o mau hálito
existente (ao libertar um odor mais intenso: menta, hortelã, etc.). Os
pacientes sabem que o efeito é muito curto e portanto seria abusivo
conotar estes dois efeitos como “eliminação do mau hálito”. Algum efeito
benéfico pode resultar do aumento da secreção salivar em pacientes com a
boca seca (mas poucos minutos após a interrupção da mastigação, os
problemas anterior voltam: o mau hálito e/ou a boca seca, etc. Portanto,
as pastilhas não são uma terapêutica que se recomende para tratar o mau
hálito ou problemas de boca seca.
Além disso, o uso continuado de pastilhas
pode provocar problemas ao nível da articulação relacionada com a
abertura e fecho da boca – a temporomandibular (ruídos, desgaste das
articulações, dor, inflamação, etc.) e produzir acidez excessiva no
estomago (como reflexo neuronal resultante da mastigação) podendo
ocasionar gastrite, úlceras, etc. Existem outras opções para aumentar a
secreção salivar, sem provocar estes efeitos colaterais e com maior
eficácia a longo prazo e, claro, muitas outras opções para tratar o mau
hálito.
Mais recentemente, surgiram pastilhas que
contêm antimicrobianos e/ou probióticos. Demonstraram algum grau de
eficácia mas o seu efeito é muito limitado – a curto prazo (e podem ser
agentes terapêuticos benéficos apenas quando a causa primária do mau
hálito está na boca).
Em relação aos elixires, já respondi
anteriormente. Um elixir adequado não deve possuir álcool (portanto o
utilizador não deve sentir ardor), possui antimicrobianos com eficácia
cientificamente comprovada, como o cloruro de cetilpiridínio ou o
digluconato de clorexidina ou substâncias que captam maus odores como o
lactato de zinco ou o cloruro de sódio. Estes elixires, quando a causa
primaria provém mesmo da boca (bactérias orais), têm a sua aplicação e
são muito úteis. O problema é que uma parte muito significativa dos
elixires comercialmente disponíveis não possui nenhum destes compostos
que foram cientificamente comprovados.
Portanto, se uma pessoa utiliza um elixir
com fundamento científico duas vezes ao dia e continua a ter mau hálito,
a causa não será bacteriana oral, mas sim outra (e não é realista estar
confiado nas substâncias mascaradoras que a maioria dos elixires possui
de curta duração como a menta). As halitoses devem ser tratadas na sua
origem e de modo enérgico (e não mascaradas com cápsulas de azeite
floral, menta ou hortelã, chicletes, elixires mentolados, ou outros). Os
efeitos benéficos de alguns alimentos com odor agradável (salsa, mirra,
etc.), ou certas cápsulas que algumas empresas comercializam, não têm
efeito em todas as pessoas e, quando têm, raramente duram mais de 1
hora.
http://www.halito.pt/faq/pastilhas-elixires-eliminar-mau-halito.html
(Perguntas ao Dr Jonas Nunes)
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