O primeiro projecto (um estudo
piloto) que realizei juntamente com o Dr. Jonas Nunes e a Professora Ana
Margarida Passos, minha orientadora da Tese de mestrado, tinha como objecto de
estudo o impacto da auto-percepção de halitose no bem-estar do indivíduo,
mais especificamente nos sub-componentes do bem-estar: nas emoções
(Warr, 1987, Salovey 2001) e nos comportamentos físicos (Fagundes &
Ludemir, 2005 ; Yaegaki, 2000).
Tanto
quanto sabíamos, não existia qualquer procedimento experimental na
literatura para manipular a percepção halitose. Este facto era especialmente relevante para se
entender se a halitose tem realmente impacto no bem-estar, como tem sido
sugerido na literatura médica.
Assim, era necessário
realizar um estudo experimental. Esse primeiro trabalho visava preencher esta lacuna na
pesquisa, avaliando o impacto das doenças orais no bem-estar subjectivo dos
indivíduos, bem como, ajudar a identificar estratégias que promovam a aceitação
e implementação de tratamentos e programas de prevenção do bem-estar em geral.
Era um estudo totalmente inovador -
tendo por base um novo paradigma experimental, realizámos uma experiência
composta por 3 partes, com uma amostra de 31 indivíduos, divididos em 3 grupos
sujeitos a condições distintas: grupo de controlo; grupo experimental -
manipulação da auto-percepção de halitose visual; e grupo experimental -
manipulação da auto-percepção de halitose visual e gustativa; por forma a
analisar as diferenças numa dinâmica de grupo.
Utilizámos um questionário
(pré-teste) médico sobre os hábitos de higiene bucal; um questionário pré e
pós-teste que engloba: a escala de emoções PANAS de Watson e Clark (1988), a
escala de qualidade de vida que mede comportamentos derivados da percepção de
halitose (Nunes, 2009) e a escala de reacção em grupo de Kunh e Poole (2000); e
uma dinâmica de grupos.
Os resultados revelaram que a
auto-percepção de halitose manipulada foi bem induzida, e que teve impacto
significativo nos sujeitos, diminuindo as suas emoções positivas.
Não houve impacto significativo ao
nível do aumento das emoções negativas, nem do condicionamento dos
comportamentos físicos derivados da percepção de halitose.
Este estudo experimental demonstrou
que a percepção de halitose tem impacto no estado emocional do indivíduo,
podendo afectar o seu bem-estar. Assim, no sentido de tomarem consciência do
impacto da halitose no bem-estar dos seus colaboradores e da necessidade de
medidas de prevenção e tratamento, este estudo revelou ser uma mais-valia para
as organizações.
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